terça-feira, 6 de março de 2007

Envelhecimento activo como realidade possível

Com tantos mitos em torno do envelhecimento não admira que muitas pessoas temam esta fase natural da vida e que façam de tudo para a “despistar”, tentando evitar o inevitável. Estes mitos acabam por encobrir a grande variabilidade que pauta o processo de envelhecimento.
Sabe-se que a palavra velhice serve para rotular o mais heterogéneo dos grupos etários, podendo-se envelhecer de muitas maneiras diferentes. Vários autores agruparam estas múltiplas formas de envelhecer em três grupos: envelhecimento normal (ausência de doenças significativas); envelhecimento patológico (afectado por doença grave ou incapacitante); e envelhecimento bem sucedido (sob condições favoráveis ao desenvolvimento psicológico).
Esta diversidade de formas de envelhecer não se deve ao acaso, podendo-se fazer muitas coisas para se envelhecer activamente. Como vários especialistas defendem, as pessoas são em grande parte responsáveis pelo seu próprio envelhecimento, na medida em que faz parte da natureza humana estabelecer objectivos e o sucesso representa atingi-los.
Ter um sentido para a vida, juntamente com a concretização de objectivos específicos e significativos para a pessoa e acrescentar uma pitada de exercício físico e do “músculo cerebral” são ingredientes essenciais para a receita do envelhecimento activo.
Ainda assim, será que podemos falar num envelhecimento bem sucedido quando estamos perante um progressivo predomínio das perdas sobre os ganhos? A reposta é SIM. Uma das condições necessárias é o ajustamento das condições do ambiente para fazer face aos desafios do envelhecimento. Outra condição importante é a reacção às mudanças que sucedem com o envelhecimento através da reformulação dos objectivos e aspirações.
Em suma, os declínios no rendimento e perdas funcionais podem ser compensados através da promoção do desenvolvimento pessoal e fazendo com que os factores de crescimento existam ao longo de toda a vida. Está, portanto, nas mãos da sociedade criar e promover essas condições e está nas mãos do sénior agarrar essas mesmas condições e quebrar os mitos que restringem e limitam as suas potencialidades.
Mergulhar na vida em vez de a observar à distância pode ser um bom ponto de partida para Envelhecer com Prazer!
A todo os seniores, em especial aos meus queridos avós, um especial agradecimento por me levarem a descobrir que tal é possível.

Rita Melo
In Jornal O Setubalense [22-05-2006]

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